Palestrante tratou das oportunidades que os investidores estrangeiros enxergam no mercado brasileiro
O SIAMFESP promoveu no último dia 01 de julho, um Webinar com o professor Luiz Almeida Marins Filho, sobre “Oportunidades e Desafios no Pós-Pandemia”. Na abertura do evento o presidente, Arcangelo Nigro Neto, destacou o conhecimento do palestrante e ressaltou a necessidade das empresas terem uma base para saber o que esperar dos mercados no “novo normal”.
O palestrante iniciou explicando que a proposta é mostrar como os investidores externos estão vendo o Brasil. Segundo ele, em todo o mundo, a imprensa é muito negativa. Logo, a proposta é mostrar comparativamente o que acontece com o Brasil e os demais países e quais as vantagens brasileiras.
Para tanto, apresentou alguns números, explicando que o mundo é dividido em dois grandes blocos, os emergentes e os mercados maduros. “Mercado maduro é aquele em que o aumento do consumo é equivalente ao incremento vegetativo daquela população, como EUA, Europa tradicional e Japão. Nestes mercados estão as empresas investidoras maduras, de longo prazo.”
Logo, comenta, essas empresas que atendem o mercado maduro precisam “desesperadamente” de mercados emergentes, aqueles em que o consumo é maior que o crescimento vegetativo da população. Ele diz que entre esses mercados houve uma mudança e hoje se fala em Brasil, India, Indonésia, Turquia e China. A Rússia perdeu importância, pois os países já não dependem mais do petróleo e gás que ela oferece.
Com base nesse novo cenário, Marins explicou cada caso, destacando a dificuldade de comunicação na Índia, que possui 1652 dialetos e 25 idiomas oficiais, uma pobreza acentuada, um sistema de castas que dificulta a mobilidade social e problemas nas fronteiras com Paquistão e China.
A Indonésia, por sua vez, é o maior país islâmico do mundo, mas o fundamentalismo assusta os investidores. A Turquia tem um bom relacionamento com a Europa, mas é vista pelos muçulmanos radicais como infiéis. Sunitas e Xiitas vivem em conflito.
A China por uma decisão geopolítica “destruiu” as indústrias sensíveis do Ocidente, como têxtil, calçadista e de eletroeletrônicos, além de uma parte da indústria química. Comprou empresas no mundo inteiro pensando em enfrentar um possível boicote do Ocidente. “Com a pandemia todos ficaram dependentes dos chineses e perceberam que ela não é confiável”.
A pergunta que o mercado financeiro faz é por que não o Brasil? O país representa 43% da economia da América Latina, incluindo o México, tem 17 mil km de fronteiras e um único idioma. Pelos dados antes da pandemia, o Brasil tem a 8ª economia do mundo.
Marins apresentou comparações entre países e estados brasileiros: São Paulo maior que a Bélgica, economicamente, o RS é maior que a Nova Zelândia, o Rio de Janeiro, maior que Portugal, ES maior que o Líbano. Rondônia maior que o Paraguai, e a cidade de São Paulo maior que o Chile.
Segundo ele, a previsão do Banco Mundial e FMI, antes da pandemia, é de que em 2040 o Brasil será a 4ª economia do mundo. O professor falou do papel das multinacionais na entrada de investimentos, bem como ações de infraestrutura divulgadas pelo governo Federal que interessam aos investidores.
Outra comparação foi quanto ao investimento feito para solucionar a dívida da Grécia, em torno de 800 bilhões de euros, enquanto para resolver problemas das rodovias brasileiras seria necessário 190 bilhões de reais. Falou sobre os benefícios que os investidores terão como contrapartida, ressaltando que para os mercados maduros, um crescimento de 1% é algo muito atrativo.
O agronegócio continua sendo o maior destaque brasileiro. Marins falou sobre os problemas e necessidades alimentares dos principais países do mundo. “No mundo onde tem terra não tem água. O Brasil tem 400 milhões de terras agriculturáveis e só utiliza 64 milhões. O Brasil tem mais terra agriculturável que EUA e a Rússia juntos. Tem mais água renovável que a Ásia inteira.”
O país possui ainda como destaque a média de três safras por ano, contra uma da maioria dos países do mundo. Outro fator positivo deverá ser o aumento do consumo de etanol na China. “Por tudo isso a gente é imbatível. Competidores se sentem ameaçados e lançam campanhas para tentar barrar nosso crescimento.”
O professor finalizou lembrando que a crise é como uma peneira. “É hora de passar pela peneira, fazer as coisas certas. Em tempos bicudos a malha da peneira fica mais fina, só vai passar quem for muito bom. Vocês têm tudo para passar, mas o Sindicato precisa ser forte e crescer de forma estratégica. A União é fundamental.”
Encerrando o evento, o presidente do SIAMFESP, Arcangelo Nigro Neto, agradeceu o incentivo gerado com a apresentação de todas as vantagens que o país possui. “Ás vezes a mídia nos deixa com a visão tapada, achando que nada funciona. Vamos ter que nos reinventar, mas temos um futuro promissor para empresas. Temos que achar o caminho. O SIAMFESP está aqui pronto para ajudar a fortalecer esse caminho e encontrar essa passagem para nossas empresas.”
A integra do bate-papo com o Prof. Marins está disponível em nosso canal do Youtube. Acesse clicando aqui.
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