Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central (BC), trouxe otimismo ao mercado brasileiro na quinta-feira (24), ao anunciar que a elevação de um ponto percentual da taxa Selic —a taxa básica de juros— projetada para o mês de maio, pode selar o fim do atual ciclo de alta dos juros no Brasil.
De acordo com Campos Neto, uma nova alta da Selic na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) em junho não é o cenário mais provável, o que significa que a taxa deve encerrar 2022 no patamar de 12,75% ao ano.
Entretanto, o BC reconhece que a inflação deve fechar o ano em 7,1%, acima do teto da meta, de 5%. Além disso, mesmo que os preços do petróleo e seus derivados recuem, o banco avalia que há 97% de risco de a inflação ultrapassar o teto da meta.
Para Campos Neto, o foco no momento é fazer com que o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) —indicador que mede a inflação ao consumidor brasileiro— convirja para a meta em 2023, uma vez que o cenário para 2022 tem se revelado altamente volátil e imprevisível.
Contudo, o banqueiro central não descarta uma retomada da alta dos juros em caso de um novo choque inflacionário decorrente do agravamento das tensões no cenário internacional.
O mercado brasileiro de ações reagiu positivamente à notícia, e o Ibovespa, principal índice de ações da B3, fechou o pregão da véspera em alta de 1,35%, aos 119.053 pontos. A imprevisibilidade acerca de até onde se estenderia a alta dos juros vinha sendo um fator de atenção para os investidores, limitando os ganhos de muitas ações, especialmente daquelas ligadas ao varejo e à tecnologia.
O motivo para tanta incerteza é que, com juros mais altos, operações de crédito se tornam mais caras, desestimulando tanto o consumo quanto a tomada de empréstimos pelas empresas para realizar investimentos. Assim, empresas que dependem de um mercado consumidor aquecido ou que dependem muito do crédito tendem a apresentar resultados mais fracos quando a Selic sobe.
Sabendo até quando os juros devem subir, a organização das finanças fica mais fácil tanto para empresas quanto para consumidores, e os cenários de médio e longo prazo tornam-se um pouco mais previsíveis.
Fonte: Uol notícias
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