Representantes do Senai-SP e do Sebrae-SP compartilharam as novas tendências do mercado durante a segunda reunião da Câmara Temática do Conselho Superior da Micro, Pequena e Média Indústria (Compi) da Fiesp, realizada nesta quarta-feira (18/5). Em pauta, o empreendedorismo no presente e no futuro.
“Há grandes mudanças ocorrendo no mundo e as indústrias têm de estar atentas às discussões globais”, enfatizou o professor e presidente do Compi, Luciano Coutinho, que deu como exemplo o carro elétrico, que já começa a se tornar realidade.
Coutinho fez analogia com o rinoceronte, empresas mais raras que os unicórnios. Elas são startups que querem ser grandes e lucrativas, têm baixo burn rate [fluxo de caixa negativo] e são avaliadas em mais de US$ 1 bilhão por múltiplo de preço/lucro e não por múltiplo de receita. Para ele, os carros elétricos estão chegando e há um prazo limitado para converter e reinventar peças e maquinário. “Trata-se de um setor relevante para a indústria de São Paulo e para o Brasil. Por isso, é preciso se preparar a tempo para essa mudança, sair à frente do rinoceronte”, comparou.
Outra tecnologia de grande impacto é o 5G e como ele afetará o operador e o fornecedor: “Tem de olhar as verticais tecnológicas e montar uma matriz para ver onde rebate nos setores das pequenas empesas. As empresas têm de fazer um exercício de trazer esses desafios para estudarmos estratégias”, pontuou.
Como implementar a cultura de inovação nas empresas
Para Thiago Corrêa, supervisor de empreendedorismo industrial no Senai-SP, a indústria pode utilizar o conhecimento técnico das startups, como um grande suporte, ou então absorvê-lo para se tornar uma nova indústria, pois as novas tecnologias impulsionam a inovação constante.
Corrêa apresentou o passo a passo para uma empresa inovar: recursos tangíveis e intangíveis, recursos humanos para habilidades profissionais, práticas na antecipação de novas tecnologias, exploração do conhecimento externo, cultura de confiança e respeito, assim como liderança motivada.
Michel Porcino, head do Sebrae para startups, comentou que o Sebrae também está passando por um momento digital e de inovação. Recentemente foi lançada a Jornada da Transformação Digital, em parceria com a Fiesp e o Senai-SP. Além disso, o Sebrae lançou um hub de inovação para apoiar as fintechs – empresas de tecnologia que oferecem soluções para os clientes por meio de serviços digitais. “Nossa proposta é trabalhar para diminuir a dificuldade das empresas em pensar inovação e apenas no curto prazo”, afirmou. Ele ponderou que, hoje, pensar a inovação dentro da empresa é “pensar num futuro incerto, mas é preciso mudar essa mentalidade”.
Assim como Corrêa, Porcino concorda que toda empresa pode trazer um pouco de cultura de startup para seu dia a dia. “Inovação tem como finalidade resolver problemas, inclusive na forma de como se vende para o cliente. É a partir do problema que se pensa numa estratégia e no caminho para resolver”, explicou ele.
Muito presente na aceleração de diversas startups simultaneamente, o método venters building trabalha na criação de uma infraestrutura interna ou externa para conceitualização, criação e desenvolvimento de novos negócios a partir da necessidade da organização. Segundo Porcino, esse esforço a fim de criar iniciativas empreendedoras vem sendo altamente aplicado nas empresas.
O futuro com o metaverso
Dados que merecem atenção, compartilhados pelo vice-presidente do Compi e diretor-titular do Dempi-Acelera, Sylvio Gomide, apontam que, em dez anos, 60% dos empregos dos jovens em idade escolar deixarão de existir. E, em vinte anos, um terço dos empregos ficará obsoleto pela robótica. “Não temos outra saída senão inovar, ainda mais com empresas vivendo cada vez menos”, alertou.
Gomide também diz que é preciso mudar o mindset do empreendedor e reconhecer quando deu certo, mas que, a partir de um ponto, se deixar de inovar, a empresa não terá futuro. “Enquanto estiver na plenitude, vale aproveitar o momento lucrativo e investir em estudos de capacitação através de cursos do Senai-SP ou Sebrae para encontrar uma saída”, aconselhou. Segundo ele, o Vale do Silício funciona bem porque é uma região que investe em educação de qualidade e possui os melhores cursos de tecnologia.
O vice-presidente do Compi destacou que, hoje, Miami chama a atenção: a prefeitura investe pesado em inovação para aumentar a participação e entrada de novas empresas na cidade.
Outro ponto ao qual as empresas devem se atentar se refere às novas gerações e o uso da tecnologia: “Os nossos clientes e consumidores já estão vivenciando experiências no metaverso. Muitas marcas começaram a vender dentro de games, inclusive. É preciso seguir o fluxo tecnológico que o mundo vive se não quiser ficar para trás”, concluiu.
Fonte: FIESP
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