As inovações que o mundo vivenciou nos últimos 50 anos influenciaram as cadeias produtivas e até mesmo a forma como o capitalismo se desenhou em diversas nações. Segundo o vice-presidente do Conselho Superior de Inovação e Competitividade (Conic) da Fiesp, isso cria uma janela de oportunidades para o Brasil. “Queremos discutir estratégias de desenvolvimento e competitividade”, disse André Clark nesta quinta-feira (26/5), durante abertura da reunião do Conic.
Entre os objetivos estratégicos apresentados, necessários para uma política industrial moderna, foram mencionados: capacidade de produção de alimentos, disponibilidade de energia, redução da vulnerabilidade em Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) e fortalecimento da capacidade produtiva em saúde.
“A escassez de produtos lembrou a todos sobre a necessidade da industrialização”, afirmou Clark. Dois anos de pandemia e a recente crise na Ucrânia acenderam o alerta dos países sobre o grau de interdependência. Diante desta situação, o grande desafio que se coloca para o Brasil é o de buscar iniciativas de ações privadas e políticas públicas que fortaleçam as cadeias de fornecimento e reduzam a vulnerabilidade do Brasil em meio a crises externas.
O superintendente do Departamento de Competitividade e Tecnologia (Decomtec) da Fiesp, Renato Corona, elencou as áreas de atuação do Conic e como o colegiado trabalhará em temas transversais. “Política de desenvolvimento industrial, cadeias de fornecimento, tecnologia e inovação, Indústria 4.0 e digitalização são temas de coordenação do Conic”, explicou Corona.
Assuntos como crédito livre, crédito direcionado, fundos garantidores, mercado de capitais, Reforma Tributária, câmbio, comércio exterior, infraestrutura e economia verde serão abordados em outros conselhos temáticos da Fiesp e em grupos de trabalho específicos, segundo o superintendente.
Para exemplificar a linha de atuação específica, Corona mencionou a Indústria 4.0. “Precisamos melhorar as práticas de gestão e dos processos industriais, o que pode ser feito por meio da digitalização e da modernização do parque industrial”, afirmou. Aliás, o tema tem sido recorrente na Fiesp e motivou o lançamento de um programa de digitalização gratuita, juntamente com Senai-SP e Sebrae-SP, para indústrias com faturamento anual de até R$ 8 milhões.
Política industrial moderna
Corona defendeu a adoção de políticas públicas para superar desafios importantes, tais como os tecnológicos, ambientais ou sociais, cuja realização requer a articulação de uma série de projetos, variados instrumentos e interlocutores dos mais diferentes setores. “Ao cumprir objetivos e metas intermediários, podemos estimular a inovação e induzir investimentos do setor privado, catalisar a transformação estrutural da economia e aumentar sua competitividade, de modo a favorecer o desenvolvimento de longo prazo”, disse.
Segundo levantamento realizado pela Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD), cerca de 90% do PIB mundial é proveniente de 84 países, de níveis de desenvolvimento econômico diversos, que adotaram estratégias de política industrial. O exemplo brasileiro mais conhecido foi o do Proálcool, que envolveu diversas políticas de desenvolvimento tecnológico e de investimento em capacidade de produção de combustível.
“Enquanto nas crises econômicas das últimas décadas as principais preocupações eram aspectos financeiros das economias, como, por exemplo, a capacidade de resistência a ataques especulativos, o contexto atual se destaca pela preocupação com a resiliência e a solidez das cadeias produtivas dos países”, afirmou Corona. “Como resultado, vemos o mundo todo se mobilizando para reduzir a dependência de fornecedores externos de bens críticos”. É um novo momento.
Fonte: FIESP
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