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Os preços da indústria caíram 0,85% em outubro frente a setembro, a terceira variação negativa do Índice de Preços ao Produtor (IPP).

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Apesar dos resultados negativos observados entre agosto e outubro, o IPP ainda acumula alta de 5,04% no ano – percentual bem menor que o acumulado em igual período do ano passado, quando atingiu 26,69%.

O indicador acumulado nos últimos 12 meses também vem apresentando desaceleração e ficou em 6,5%, menor resultado neste tipo de comparação desde junho de 2020. As informações foram divulgadas pelo IBGE.

“Em outubro, dos 24 setores analisados, 12 apresentaram queda e 12 tiveram alta. Mas como ocorreu nos meses anteriores, foram os setores que mais influenciam o resultado mensal apresentaram variações negativas, o que ajuda a explicar a nova queda no IPP”, observa Murilo Lemos Alvim, analista do IPP.

O setor de maior destaque é a indústria química, com a maior variação negativa (-4,58%). Alvim explica que o resultado se explica pela queda no preço dos fertilizantes e dos produtos orgânicos.

“Os fertilizantes estão com uma oferta em crescimento que não tem sido acompanhada pela demanda, gerando a queda nos preços. Esse aumento da oferta ocorre após um período de escassez no mercado externo por conta da guerra entre a Rússia e Ucrânia. O Brasil fez um esforço, conseguiu um volume alto de importação e agora está com um estoque confortável”, analisa Alvim.

Já os produtos químicos orgânicos, como benzeno e propeno não saturado, são produtos da petroquímica que estão sendo beneficiados pela queda de preços na cadeia do petróleo, como o óleo bruto de petróleo e a nafta. “Os produtos que usam o petróleo e a nafta como insumo estão tendo custos mais baixos, e consequentemente os preços caem”, diz o analista.

Queda de preços de commodities impacta indústrias extrativas

Na sequência, outros dois setores tiveram impacto semelhante: refino de petróleo e biocombustíveis e Indústrias extrativas, ambos contribuindo com 0,17 pontos percentuais no resultado final.

Em indústrias extrativas, o movimento está relacionado aos preços internacionais nas três principais commodities do setor: minério de ferro, gás natural e óleo bruto de petróleo. “Minérios de ferro e gás natural tiveram queda. O que segurou um pouco a redução foi a elevação do preço do óleo bruto de petróleo”, destaca Alvim.

Já o setor de refino de petróleo e biocombustíveis também vem apresentando queda por conta da redução dos preços dos derivados de petróleo. “O setor ainda está surfando na queda do óleo bruto que ocorreu entre julho e setembro. Mas produtos como gasolina e óleo diesel já começaram a ter os preços reajustados nas refinarias, embora não a ponto de ultrapassar a média de setembro. Em outubro, os preços do diesel, GLP e gasolina ainda continuam menores que no mês anterior”, completa Alvim.

Laticínios puxam queda dos preços de alimentos

Quarto setor em destaque, a indústria de alimentos vem sendo impactada pela redução dos preços dos laticínios, de 2,14% em outubro, após altas de preços intensas no primeiro semestre. “Entre fevereiro e junho, o leite teve a oferta prejudicada por questões climáticas, que piorou devido à entressafra. Mas desde agosto a oferta está maior e temos o terceiro mês consecutivo de queda, acumulando de agosto a outubro uma redução de 22,84% do grupo de laticínios”, analisa Alvim.

Ainda em alimentos, houve queda de preços de carnes de aves devido à elevação da oferta, com o setor se preparando para o aumento da demanda nas festas de final de ano. Já o óleo de soja teve queda devido à redução da demanda.

Crise dos semicondutores eleva preços dos veículos

O setor de veículos é destaque no indicador acumulado do ano, com uma variação de 8,63%. A atividade vem sendo impactada há alguns meses pelo aumento dos custos em sua cadeia de produção, especialmente componentes eletrônicos. “Há uma crise global na cadeia de semicondutores, deixando os custos dos veículos mais caros. O setor acumula 28 meses consecutivos de alta, período em que teve uma variação positiva de 33%”, ressalta o analista do IPP. (Com IBGE)