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SP, MG e PR responderam por 65% do saldo líquido de empregos em 2020, mas segunda onda de Covid-19 e fim do auxílio emergencial podem trazer impactos, alertam especialistas da Fundação

pexels pixabay 159306As perspectivas para 2021 foram o tema da reunião plenária do Departamento da Indústria da Construção e Mineração da Fiesp (Deconcic) realizada na sexta-feira (5/2), por vídeo conferência, e mediada pelo diretor titular, José Romeu Ferraz Neto.

A pesquisadora Ana Castelo, do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV-IBRE), destacou o atual otimismo dos empresários da cadeia da construção em patamar superior aos índices pré-pandemia, bem como o desempenho extraordinário do mercado imobiliário no segundo semestre de 2020, resultado da recuperação de vendas afetadas no primeiro período do ano passado. “Some-se a isso a queda das taxas de juros”, completou a expositora.

Ela também lembrou que São Paulo, Minas Gerais e Paraná responderam por 65% do saldo líquido de empregos do ano de 2020, sendo 42% da infraestrutura, 24% de edificações e 34% de serviços especializados e destacou os números do mercado habitacional. “O número de unidades financiadas pelo Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE), que representa 50% de funding habitacional, aumentou 43% na comparação com 2019, e em valor a variação foi de 58%”, reforçando a expectativa das empresas de aumentar seu quadro de funcionários.

O ciclo da construção civil é longo e está se beneficiando da taxa de juros baixa, de acordo com Robson Gonçalves, docente da FGV-IBRE, que entende não ser possível ainda prever o que vai acontecer de junho para a frente. “Estamos diante da segunda onda de Covid-19 e do fim do auxílio emergencial, o que traz muitas incertezas. Apesar da recuperação recente do setor da construção civil, tudo indica que chegamos a um platô”, avaliou o professor.

Gonçalves aponta que a economia não está em processo de recuperação consolidado, pelo contrário, pois há possibilidade de que a curva em V se transforme em um W, com piora dos indicadores no 1º trimestre deste ano. “Observa-se um indício muito forte na decisão recente do Copom de manter a taxa Selic em 2%. Temos inflação na ordem de 4% ao ano. Isso tem implicações sérias para o setor público, que precisa se financiar”, alertou.

Sobre o fim do auxílio emergencial, o professor observou que dois terços do destino da produção da construção vêm das construtoras e das famílias, com 27,8% e 51,3%, respectivamente. “Se metade do destino final de consumo está nas famílias, pode sim haver impactos e incertezas no caminho”, segundo Gonçalves.

Fonte: Fiesp